Opinião

A família é uma instituição relativamente nova na humanidade

José Otávio Binato

Historicamente tem se caracterizada por mudanças, transformações que em alguns contextos são percebidas como indícios de que esse grupamento humano não tem muito tempo de vida. Ora, nunca se estudou tanto sobre terapia familiar como nos últimos cem anos.

Profissionais de todas as áreas têm teorizado sobre este espaço emocional que caracteriza a família e suas relações internas e externas.
O que é urgente é que possamos levar essa teoria para a prática. Esse é o desafio! Quanto mais conhecimento sobre a dinâmica familiar mais poderemos nos comprometer com a parte saudável da família.

Exemplifiquemos. Somos um produto da genética e do ambiente. Ao herdarmos um gene, aquela característica se manifestará de alguma forma, com mais ou menos intensidade. É preciso, porém, entender que é o ambiente o fator primordial na construção do ser humano que somos.

Nossa personalidade é estruturada nos cinco primeiros anos de vida. Aqui, a figura materna se torna fundamental. Sem esquecer a importância da figura paterna. São eles que nos ajudarão a nos construirmos como pessoas únicas. Esta etapa também se mostra como o momento mais propício de sermos estimulados a desenvolver habilidades que nos tornarão melhores para o resto de nossas vidas.

Um ambiente familiar saudável permite que o amor e os limites sejam internalizados de forma indelével. Em torno dos 4 anos, o menino se apaixona pela mãe, e a menina, pelo pai caracterizando os Complexos de Édipo e de Electra. Dos 5 aos 10 anos, a criança coloca “um pé fora de casa”. Aqui a escola vai representar a intelectualização e a socialização.

Desde cedo, outras figuras surgem no processo de formação do nosso caráter, de como vamos nos expressar no mundo. A família mais ampla, professores, amigos nos ajudarão também nesta construção. Nesta idade ainda somos muito apegados aos pais. Fusionados emocionalmente, eu diria. Qualquer perda até os 10 anos será, invariavelmente, traumática.

Aprendemos com a Kiss que Lesões Pós-traumáticas são para sempre. O que podemos fazer é minimizar as suas consequências. Por isso, volto a afirmar a necessidade do psicólogo para dar o suporte técnico e a acolhida tão necessária nestes momentos. Todos nós deveríamos nos conscientizar melhor da importância da família. Poderíamos ser mais sensíveis aos pedidos de socorro do outro.

Muitas vezes o alerta é feito de forma agressiva, através de manifestações psicossomáticas, de comportamentos não usuais. Não identificamos o SOS porque estamos surdos aos apelos do familiar ou mudos por dificuldade de lidar com situações tão complexas como são as lesões pós-traumáticas. É urgente que olhemos nossa família e identifiquemos quem está precisando de um colo amigo, de dois ouvidos imensos, de olho no olho, de um abraço, de uma palavra de carinho. Na verdade, necessitando de amor!

José Binato é médico especialista em adolescência e colunista do Diário

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